ACADEMIA DA INCERTEZA
“Quando os sopros de seus ancestrais querem soprar a vela
(graças à qual, talvez, perduraram os caracteres do livro de magia)
– ele diz ‘Ainda não!’”. -
Mallarmé - Caminhava Narciso pela estrada,
A desdenhar as Nornas e o Porvir.
Sua sorte zombou em meio à jornada
De um velho crânio arfado por ali.
Disse-lhe: "Sois Musa abandonada
"Dos Poetas que viram o sol cair.
Se não mais entoam à madrugada,
Por que, ó ossada, estás a me sorrir?"
O crânio retrucou: "Tolo! Infeliz! Não sabes?
A Lua canta, o Corvo diz: 'Nunca Mais!...'
Olhai, aos teus pés, quanto húmus!"
“Enquanto o galo canta um novo dia,
Os vates lembrarão: 'Melancholia!...'
Ó, Narciso, Pulvis et Umbra Sumus!".
Gleudson Passos
Vila do Forte, abril de 2009