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sexta-feira, 4 de maio de 2018

ARDENTE

ARDENTE

O retirante
Não se retira por vontade 
Não lhe agrada 
Ver sua terra distante 
Leva a saudade 
Vai por força de necessidade 
Conhecer a cidade 
Não é luz de lamparina 
O que brilha são zóio da menina 
Pau de arara 
Caminhão lotado 
O peso do mundo 
Quando o banco cede e cai 
Sobre os pés dessa menina 
Tornozelo quebrado 
Coração dilacerado 
Adeus pai e mãe 
Vou pra Sumpaulo 
Tentar a vida 
E quem sabe não mesma viagem 
Também não estava Lula da Silva 
Lula da sina 
Luiz Inácio 
Do latim: ardente 
Portanto um Silva ardente 
Do Sol quente do sertão 
No pau de arara 
Fugindo da seca 
E da pobreza 
Destino Sumpaulo 
Destino operário 
A mulher sob o peso 
Do mundo em seu tornozelo 
Era minha mãe 
O Luiz Ardente 
Era só mais um homem sem zelo 
Só queria água e pão 
Jamais sonhou ser seu destino 
Algo grande seria desatino 
Mas o retirante foi presidente 
Gravou seu nome 
Na História de uma Nação

Jorge Azevedo
05/05/2018