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quinta-feira, 10 de março de 2011

NECRÓPOLIS

NECRÓPOLIS

Nada se sabe sobre essa cidade vazia.
Para onde foram os seus não há pista.
Nenhum detetive seria capaz de descobrir.


Nenhuma cartomante poderia ajudar.

O semáforo sorteia o verde e o apresenta,
carro algum se disponibiliza a avançar –
estúpido, só o faz mediante chicotadas.
O letreiro luminoso oferece sanduíche,

ninguém para matar a fome ou a sede –
que seja através do saque, às claras:
as portas abertas convidam ao crime
o cofre bojudo dorme um sono pesado.

Seria um flautista arrebanhando gente
ou uma promessa de vida melhor adiante?
Pista alguma se encontra que as comprove.
A cidade é a mesma de ontem. E não o é.

O Silêncio que nunca andou por essas ruas
a Paz que ainda não havia se mostrado
a Tranqüilidade definitivamente alforriada
são os únicos que por aqui restaram.

Um gás letal terá pegado todos de surpresa
enquanto dormiam ou escovavam os dentes?
Um deus vingativo terá vindo puni-los
pelos séculos de luxúria e lassidão?

Sol e chuva por fim vencerão a luta, come-
rão a parede das casas e a pele do asfalto...
A barragem saciada se romperá
afogando os prédios, soterrando os bairros...

São conjecturas apenas.
Nada se sabe sobre essa cidade vazia.