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quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A LETRA E A SERPENTE

A LETRA E A SERPENTE

Se Narciso se encontra com Narciso
e um deles finge
que ao outro admira
(para sentir-se admirado),
o outro pela mesma razão finge também
e ambos acreditam na mentira ( ...)

("Narciso e Narciso"- Ferreira Gullar, Do livro: "Barulhos".)

Eis que hoje de mim mesma fui senhora,
assim, tão tolamente que assustei!
Olhava-me no espelho como outrora,
num lapso, fui-me vendo, me espreitei

de um jeito que jamais havia feito.
Havia um brilho extra e eu era aquela,
a outra, a estranha - nunca a vi direito -
que sempre esteve lá, como a aquarela

que prende-se à parede e então se esquece,
e todo mundo a vê e se acostuma.
Mas eis que hoje as duas, feito um “esse”,

serpentearam-se e se confundiram.
Sou ambas, esse “esse” e essa serpente
as metaforizaram e se viram...

MAGMAH
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